quinta-feira, 28 de maio de 2009

Um jornaleiro cordelista


É inverno, 20 de julho de 2007, morre o "coronel" da política baiana, senador Antonio Carlos Magalhães. Em homenagem ao tão famoso ACM, o jornal A TARDE expõe uma página ímpar inteira em forma de cordel, escrita pelo jornalista e cordelista Zezão de Castro. Nesse mesmo dia o jornaleiro e dono da Banca Amargosa, no bairro de Ondina, Carmelito Souza, lê o cordel. Após a leitura se encanta pela literatura e um dom guardado é exposto.

Com 52 anos de idade e morando em Salvador há mais de 38, Carmelito veio para a capital baiana aos 13, para tentar ganhar a vida. Aos 19 anos já tinha sua própria banca de revistas.

Carmelito comenta que sempre gostou da literatura de cordel, mas a homenagem a ACM despertou-o para a prática da escrita. No primeiro momento, as frases sextilhadas eram soltas, mas com o tempo ele descobriu o real valor do cordel - "uma literatura de emoções, que mostra a vida do povo".

Apesar de sempre ter gostado, nunca pensou que fosse uma "poesia cantada". No entanto, surpreendeu-se ao ir registrar seu primeiro folheto, quando a bibliotecária perguntou se ele também era músico de cordel. "Eu não sabia que era uma literatura que se tinha de cantar. Até hoje eu não canto, o meu dom mesmo é para escrever", comenta.

Seu primeiro cordel fala sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o título de "Escrito nas Estrelas - Lula". Ao todo são nove folhetos, todos de cunho biográfico. Hoje, está escrevendo um cordel sobre a história de Salvador, desde a chegada de Thomé de Souza até o ano de 2009.

Para ele a escrita da literatura de cordel é um do. Mas a técnica é muito importante, para que o cordelista saiba como rimar. Enfatiza que é preciso muita leitura, bem como saber muito sobre o que vem acontecendo.

Sobre a produção do cordel no Brasil e na Bahia, comenta que tem de ser mais divulgado. "Há pouco tempo ocorreu a Bienal do Livro, não tive como ir, teve a Praça do Cordel, mas ainda acho muito pouca divulgação. Sem falar que não temos um apoio muito grande de editoras, tanto que nós mesmo produzimos nossos folhetos. Eu mesmo só vendo meu folheto aqui na minha banca", explica Carmelito.

Entre seus cordelista favoritos estão Patativa do Assaré, cearense que já faleceu, Luzia Andrade (tia de Carmelito,) Zé Mendonça, Bule Bule, entre outros.

Folhetos:
- Ondina em Literatura de Cordel
- Escrito nas Estrelas – LULA
- Amargosa – Cidade Jardim


Observação: os outros cordéis são biografias de parentes.

Para comprar e conhecer o trabalho de Carmelito é só ir à Banca Amargosa, na Avenida Oceânica, em Ondina, perto da Faculdade Social da Bahia.



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Grato.

Qual livro se tornaria um bom cordel?

Qual a técnica mais utilizada no Cordel?