sábado, 13 de junho de 2009

Cordel também é política

A mistura do cordel e do teatro fizeram políticas públicas. Confira um pouquinho!
O espetáculo Teodorico Majestade - As últimas horas de um prefeito continua em cartaz no espaço cultural Casa dos artistas de Ilhéus.

sábado, 6 de junho de 2009

Fora do "centro"


É comum aos habitantes dos grandes centros urbanos pensar que a cultura é limitada às cidades de maior porte demográfico. Três municípios do sul da Bahia contestam esse pensamento preconceituoso com atividades artísticas de qualidade. Ilhéus, Itabuna e Itacaré mostram ao país exemplos de uma cultura popular, regionalizada e rica em técnicas locais.

Dos três espaços escolhidos nessa postagem, dois são pontos de cultura do Estado da Bahia - A Casa do Boneco (Itacaré) e a Casa dos Artistas de Ilhéus (foto) - e o terceiro é localizado em Itabuna, administrado pelo governo estadual: o Centro de Cultura Adonias Filho.

Apesar da relação com o governo, os três espaços mantêm a política de expressar suas opiniões com liberdade. São locais de referência na luta por cultura e cidadania nos municípios em questão.

Romualdo Lisboa, diretor da Casa dos Artistas de Ilhéus (foto), explica que o apoio do Governo do Estado não impede o grupo de se rebelar com a administração pública. "Caso haja alguma irregularidade nós meteremos a boca no trombone. A ideologia da Casa dos Artistas não está à venda".

O grupo de Teatro Popular de Ilhéus, ONG que administra a Casa dos Artistas, foi o agente transformador do município num caso recente. Com um texto escrito em cordel e parodiando atitudes ilícitas do ex-prefeito Valderico Reis, o grupo incentivou a população a exigir a cassação do prefeito corrupto.

Em Itacaré, a Casa do Boneco é a referência da cultura afro-baiana, como explica Negra Dani, atriz e uma das coordenadoras do espaço: "Itacaré é um ponto rico da cultura negra e indígena no Brasil. Aqui, na Casa do Boneco, o povo local é o único público para quem focamos nossa arte. Não vemos a cultura de outra forma que não popular e regionalizada".

Lucas Oliveira, ator itabunense ligado às atividades no Centro de Cultura Adonias Filho, comenta que, "em comum, os três espaços têm a preocupação com a regionalização da cultura local. Teatro, literatura de cordel, danças folclóricas... Tudo é mesclado com a cara e a cultura regional".

Quem ainda pensa que cultura baiana só é feita na capital deve visitar esses três locais de resistência cultural. Centro de Cultura Adonias filho, Casa dos Artistas de Ilhéus e Casa do Boneco, em Itacaré.

Confira no mapa onde ficam esses pontos e bom passeio. Lembrando que nesses locais o cordel também é valorizado e vendido.


Visualizar Casa dos Artístas de Ilheus em um mapa maior



Visualizar Casa dos Artístas de Ilheus em um mapa maior

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Um jornaleiro cordelista


É inverno, 20 de julho de 2007, morre o "coronel" da política baiana, senador Antonio Carlos Magalhães. Em homenagem ao tão famoso ACM, o jornal A TARDE expõe uma página ímpar inteira em forma de cordel, escrita pelo jornalista e cordelista Zezão de Castro. Nesse mesmo dia o jornaleiro e dono da Banca Amargosa, no bairro de Ondina, Carmelito Souza, lê o cordel. Após a leitura se encanta pela literatura e um dom guardado é exposto.

Com 52 anos de idade e morando em Salvador há mais de 38, Carmelito veio para a capital baiana aos 13, para tentar ganhar a vida. Aos 19 anos já tinha sua própria banca de revistas.

Carmelito comenta que sempre gostou da literatura de cordel, mas a homenagem a ACM despertou-o para a prática da escrita. No primeiro momento, as frases sextilhadas eram soltas, mas com o tempo ele descobriu o real valor do cordel - "uma literatura de emoções, que mostra a vida do povo".

Apesar de sempre ter gostado, nunca pensou que fosse uma "poesia cantada". No entanto, surpreendeu-se ao ir registrar seu primeiro folheto, quando a bibliotecária perguntou se ele também era músico de cordel. "Eu não sabia que era uma literatura que se tinha de cantar. Até hoje eu não canto, o meu dom mesmo é para escrever", comenta.

Seu primeiro cordel fala sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o título de "Escrito nas Estrelas - Lula". Ao todo são nove folhetos, todos de cunho biográfico. Hoje, está escrevendo um cordel sobre a história de Salvador, desde a chegada de Thomé de Souza até o ano de 2009.

Para ele a escrita da literatura de cordel é um do. Mas a técnica é muito importante, para que o cordelista saiba como rimar. Enfatiza que é preciso muita leitura, bem como saber muito sobre o que vem acontecendo.

Sobre a produção do cordel no Brasil e na Bahia, comenta que tem de ser mais divulgado. "Há pouco tempo ocorreu a Bienal do Livro, não tive como ir, teve a Praça do Cordel, mas ainda acho muito pouca divulgação. Sem falar que não temos um apoio muito grande de editoras, tanto que nós mesmo produzimos nossos folhetos. Eu mesmo só vendo meu folheto aqui na minha banca", explica Carmelito.

Entre seus cordelista favoritos estão Patativa do Assaré, cearense que já faleceu, Luzia Andrade (tia de Carmelito,) Zé Mendonça, Bule Bule, entre outros.

Folhetos:
- Ondina em Literatura de Cordel
- Escrito nas Estrelas – LULA
- Amargosa – Cidade Jardim


Observação: os outros cordéis são biografias de parentes.

Para comprar e conhecer o trabalho de Carmelito é só ir à Banca Amargosa, na Avenida Oceânica, em Ondina, perto da Faculdade Social da Bahia.



Visualizar Banca Amargosa em um mapa maior

terça-feira, 19 de maio de 2009

O Teatro Gregório de Mattos perto do fim


Os rumos da cultura em Salvador e a situação da Fundação Gregório de Mattos (FGM) foram os temas da audiência pública promovida pela Câmara Municipal. Através de uma iniciativa da vereadora Olívia Santana (PCdoB), o evento, que aconteceu no dia 14 de maio, contou com a participação de políticos, artistas, grupos culturais e demais pessoas preocupadas com a notícia do fechamento do teatro para a implantação de uma pinacoteca.

O presidente da FGM, Antônio Lins, esteve no local por pouco tempo e saiu, alegando ter "outros compromissos". A postura do atual líder da Fundação Gregório de Mattos chocou o público presente, que continuou sem saber se o espaço vai ser transformado em pinacoteca, se abrigará espetáculos depois da reforma, ou se continuará indefinidamente fechado e sendo degradado pela ação do tempo.

Talvez a melhor resposta seja referente à incapacidade daqueles que deveriam zelar pela cultura de Salvador. É um absurdo que um espaço cultural de uma cidade marcada pela riqueza artística, habitada por um povo criativo, se perca dessa forma. Este momento é ideal para que reflitamos sobre os rumos da política local.

Confira a reportagem sobre a audiência no site da Câmara Municipal de Salvador. O nome da matéria é "Teatro Gregório de Mattos".


Visualizar Fundaçao Gregório de Mattos em um mapa maior

Qual livro se tornaria um bom cordel?

Qual a técnica mais utilizada no Cordel?